"Não basta dizer que se é consciente de algo; é-se, também, consciente de algo como sendo algo"



segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

..:: Meu erro foi não saber te amar ::..



Eu queria ser
Um tipo de compositor
Capaz de cantar o nosso amor
Modesto

Um tipo de amor
Que é de mendigar cafuné
Que é pobre e às vezes nem é
Honesto

Pechincha de amor
Mas que eu faço tanta questão
Que se tiver precisão
Eu furto

Que enfim, nosso amor
Também pode ter seu valor
Também é um tipo de flor
Que nem outro tipo de flor

Dum tipo que tem
Que não deve nada a ninguém
Que dá mais que maria-sem-vergonha

Eu queria ser
Um tipo de compositor
Capaz de cantar o nosso amor
Barato

Um tipo de amor
Que é de esfarrapar e cerzir
Que é de comer e cuspir
No prato

Mas levarei esse amor
Com zelo de quem leva o andor
Para sempre.

Trechos e adaptação de "Amor barato", de Francis Hime e Chico Buarque.


"Leve então, o resto desta ilusão e todos os cuidados 'teus'..." 
Desencanto - Chico Buarque

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

..:: Divagações: Última parada 174 ::..



"Pra quem vê a luz, mas não ilumina suas mini-certezas, vive contando dinheiro e não muda quando a lua é cheia... Que tão no mundo e perderam a viagem... Senhor, piedade! Lhes dê grandeza e um pouco de coragem."

Hoje, após muito tem
po
de comentários e indicações, assisti à "Última parada 174", filme que narra, não de maneira fictícia, mas poética [concebido assim nas minhas lentes] a história de Sandro do Nascimento, menino de rua que resiste à chacina da Candelária na década de 1990, no Rio de Janeiro, e se torna alvo das câmeras novamente tempos depois pelo sequestro do ônibus 174, na referida cidade, que tem o seu desfecho marcado pela morte de uma refém e do próprio Sandro. Breve sinopse colocada, me vi em mais um momento de reflexão, momento de recorrer àquilo que há de mais humano em mim e conceber a explicação para determinados fatos na história de vida deste mesmo humano que nos atordoa. Nem sei se sou justo, mas peço piedade, por aqueles que não tem a sensibilidade de perceber, como eu, quanto o humano que somos não se perfaz sozinho, mas num emaranhado de relações e de experiências múltiplas. Piedade, porque assim não estarei cometendo o mesmo erro, não estarei a julgar as histórias alheias, mas tentarei compreendê-las. Piedade a mim, por conceder-lhes compaixão, mas é que o humano que aqui habita não me permite ser diferente.

Hoje, uma década depois, relembro essa terrível história. Muito angustiado pela morte de Geisa, a refém, mas não menos pela morte de Sandro, o "marginal".

"Do rio que tudo arrasta se diz que é violento, mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem!" - Bertold Brecht.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

..:: Menina minha, de saia rendada ::..


Pelo jeito dela
Pelo dengo, pela simpatia
Se eu caio na roda
Essa moça pode me segurar.

Ela lá no fundo
É meu mimo, é meu tino
A lembrança do carimbo
No meu peito anti-material.

Eu vou pedir pro tempo esperar
Eu quero mais:
Eu vou pedir pro tempo me esperar, se atrasar
Que me deixe contigo, me faça um favor
Que vá e esqueça de passar por nós.

Trechos de "Ah, se eu vou", de Lula Queiroga, "Sala de terê", de Monique Kessous e "Pitangueira", de Monique Kessous e Denny Kessous, respectivamente no post.

domingo, 2 de janeiro de 2011

..:: E o ano, enfim começa! ::..



E assim começou, cheio de recadinhos extensos e incovenientes, é, incovenientes, porque sempre são regados a cópias e frases prontas. Sinceramente, em nada isso me agrada, passa longe, chega a me deixar intensamente aborrecido. Vejo a falta de criação mesmo no discurso daqueles que se implicam em saudar o que vem a diante, dispostos à renovação. Melhor é começar o ano comendo imbu com a sobrinha, espírito de criança, gentil e cheio de encantamento, tão espontâneo, que dá vontade de provar esse gosto "azedo" a todo instante pelos próximos dias da nova era que se inicia. Isso mesmo, então que venha o "azedo", mas tão construtivo e inovador que me alegra, me fascina e me instiga a desejá-lo, porque nem só de carne vivem os homens, né, moço? Mas de movimento, de um curso cheio de percursos e de verde, do "azedo" do imbu, acompanhado do sorriso de uma menina apenas de vestido, porém de alma nada rosa.