"Não basta dizer que se é consciente de algo; é-se, também, consciente de algo como sendo algo"



domingo, 28 de março de 2010

..:: Saudade ::..


Hoje senti o teu cheiro, parece que vivo momentos de outrota em que a tua presença se fazia tão constante pelo cheiro! Um cheiro forte, amargo, que trazia dor e angústia, mas o cheiro que sinto hoje está carregado de uma saudade imensa, saudade que é fruto de um amor velado. Nunca pensei que sensações tão distintas e que, por vezes, se entrelaçam: a angústia e o amor encontrassem, em meio a uma crise do sentir e do lembrar, semelhança tão particular.

terça-feira, 23 de março de 2010

..:: Notícias populares ::..


Nos dois últimos dias fui tomado por algumas questões que me levaram a refletir. Refiro-me, de início, ao caso de um garoto de 12 anos que é acusado de assassinar sua madrasta, grávida de 8 meses. Em outra instância, relato a morte de uma mãe, que foi dilacerada pelo próprio filho em uma de suas crises psicóticas.


Afinal, que relação é possível entre uma situação e outra? A resposta é simples se levamos em consideração o discurso midiático de que ambos, em suas práticas criminosas, figuram agora como homicidas, pois atentaram contra a vida. Mas a discussão não pode ficar no superficial das manchetes de um jornal; as questões que aqui coloco retratam realidades que a princípio parecem dessemelhantes, no entanto trazem consigo o peso de um fardo que, por ora conseguimos carregar, mas que não obstante torna-se insuportável em nossas costas estreitas. O fardo do "ser", condição que se torna paulatinamente mais inconstante face aos dilemas enfrentados no decorrer do "existir", existência vivida por nós - sujeitos dessa história - mas que não está livre de intervenções e de instâncias outras.

O juízo de valor é desnecessário, não há pretensão a negar os crimes supostamente cometidos e nem condenar o que já está condenado. A reflexão é posta para que as coisas não sejam um fim em si mesmo, que os discursos não sejam pautados apenas em ações, mas em trajetórias de vida, para que aquelas, as que tendem a ser punidas, não sofram o dissabor de provar o gosto amargo do seu próprio ato. Morrer não significa estar debaixo de sete palmos, morrer é perder-se na vida e não se achar em lugar algum, em momento algum, em nenhuma circunstância que lhe valha o prazer de viver, prazer que já não se encontra nem mesmo naqueles que lhe trouxeram à vida.

segunda-feira, 15 de março de 2010

..:: Sombras ::..



Cada um a sua forma, deu forma a esta pintura no chão
que há de se chamar felicidade
O melhor o tempo guarda e a sombra esconde
Descobrira, pois, uma nova fonte de amor
Amor desgarrado de prudência e acrescido de movimento.

Cléo Pyanelly

..:: O que é o amor?! ::..



"Quando minha avó pegou artrite, ela não podia se debruçar para pintar as unhas dos dedos do pé. Meu avô, desde então, pinta as unhas para ela. Mesmo quando ele tem artrite" - Rebecca, 8 anos.

"Amor é quando você sai para comer e oferece suas batatinhas fritas, sem esperar que a outra pessoa te ofereça as batatinhas dela" - Chrissy, 6 anos.

"Amor é quando minha mãe faz café para o meu pai e toma um gole antes, para ter certeza que está do gosto dele" - Danny, 6 anos.

"Durante minha apresentação de piano, eu vi meu pai na platéia me acenando e sorrindo. Era a única pessoa fazendo isso e eu não sentia medo" - Cindy, 8 anos.

"Amor é quando seu cachorro lambe sua cara, mesmo depois que você deixa ele sozinho o dia inteiro" - Mary Ann, 4 anos.

Esta foi uma pesquisa feita por profissionais de educação e psicologia com um grupo de crianças de 4 a 8 anos.

domingo, 14 de março de 2010

..:: Charge I ::..

  



..:: A dor do pensar ::..


Pensar não é uma atividade fácil. Ser levado a pensar então, nem se fala! Tive nos últimos dias, uma aula que talvez figure entre as melhores aulas que já assisti ou ainda, umas das mais infelizes da minha história. Não sei se por coincidência, mas a disciplina ministrada era "História" do Brasil Escravista e no transcorrer do debate sobre o tráfico do trabalho humano nos dias que se seguem, me encontrei em uma situação de pressão particular: instigado a entender os fatos, a fazer conexões, estabelecer analogias, traçar comparativos , analisar um tempo que não me pertence, mas que se faz tão presente, reconhecer, perceber, indagar, responder, opinar, criar possibilidades... arrhhh... e PENSAR! Como explicar tal situação?! Será que aquele embate interno era só meu?! Não demorou muito pra eu observar que o incômodo não era tão particular, era generalizado, tocava em todas as partes daquela totalidade.


A História sempre me agradou, me encantou, fez pensar e como foi bela esta aula, recordo-me de tempos de outrora, aulas de uma professora que vou lembrar até não ter mais histórias pra contar, mas tinha algo estranho naquele dia, acho que meu cabelo não estava legal... as pessoas vivem dizendo que ele está pegando fogo. Pensando bem, não era o cabelo que entrava em erupção, era aquilo que ele esconde... A minha mente, assim como a mente da maioria dos estudantes, não estão acostumadas a receber visitas assim, que batem à nossa porta e entram ocupando um espaço enorme, nos fazendo PENSAR. Estamos habituados a aulas pouco propositivas, que não nos permitem participação e troca, mas a possibilidade de meros depósitos do conhecimento. Embora tenha sido pego de surpresa, gostei da surpresa, do incômodo, das incertezas, dos questionamentos, do PENSAR. Mas da próxima vez, vê se modera o passo... não é tão corriqueiro tanta pressão particular!

quinta-feira, 11 de março de 2010

..:: Manifesto ::..



Nós, alunos do curso de Geografia, da Universidade de Pernambuco – Campus Petrolina, carregamos em nossa trajetória o desejo de integrar uma instituição que se estabeleça enquanto espaço efetivo de formação intelectual e profissional. No entanto, o que é perceptível e vivenciado cotidianamente, e essa é uma prática que se dá desde o 1º semestre até a conclusão da graduação, é um curso que nega aos estudantes a possibilidade de alçar vôos maiores, contrariando o que pressupõe a Geografia, ciência que não se limita, não se esgota, não merece passar por nós como uma quimera que só pode ser contemplada subjetivamente. 

Atestamos nossa insatisfação com uma peleja que se arrasta e que não pode se perpetuar, ao menos não respaldada em nossa omissão. Poderíamos elencar uma série de problemas do nosso curso, mas ressaltamos a falta de professores ou ainda a ausência mesmo de efetivos que  não comparecem às aulas. Precisamos de uma gestão em nossa coordenação que seja sensível a essas questões, superando ações que ficam apenas no discurso e que reúna esforços para atender as nossas demandas e anseios, atitudes que não reconhecemos na gestão atual. Solicitamos, portanto, que exista uma participação direta dos discentes na escolha do coordenador do curso, tendo em vista que não faz sentido não existir a inserção do aluno no processo de escolha daquele que se propõe a ser o seu maior representante.

quarta-feira, 10 de março de 2010

..:: Primeiro andar ::..


Já vou... será? Eu quero ver, o mundo eu sei não é esse lá. Por onde andar? Eu começo por onde a estrada vai e não culpo a cidade, o pai. Vou lá andar. E o que eu vou ver? Eu sei lá.

Rodrigo Amarante


terça-feira, 9 de março de 2010

..:: Pena de morte ::..


Os jornais que meu pai levava para casa, ao retornar do trabalho, consistiam em minha leitura predileta, tão logo passei a dominar, na década de 1950, o código alfabético. Trazidos de trem, os diários do Rio só chegavam a Belo Horizonte no início da tarde. Como a TV ainda não entrara em nossa casa, após o jantar, a família reunia-se na sala de visitas para ler as notícias.

Influenciado pelo americanismo de pós-guerra, acompanhei horrorizado os passos do casal Rosenberg rumo à cadeira elétrica, acusado de passar aos russos segredos nucleares. Em setembro de 1949, a União Soviética explodira sua primeira bomba atômica, detonando nos EUA uma histeria coletiva, medo de que a próxima caísse sobre a nação que se considerava imune a um ataque externo.

Leitor de histórias em quadrinhos, aprendi que os EUA estavam protegidos pelos superpoderes do Capitão América, pela miraculosa aparição do Super-Homem, pela presteza vigilante da dupla Batman e Robin. Deus sempre salvava a América. Julius e Ethel Rosenberg foram apontados como os traidores que permitiram a Stalin possuir a mais poderosa das armas.

De tanto olhar as fotos em O Globo, gravaram-se em mim os rostos de Julius, 35 anos, e de Ethel, dois anos mais velha do que ele, na prisão de Sing Sing, em Nova York. Ele, com óculos de lentes brancas e um bigode de vassoura que lhe imprimiam aspecto de tabelião caprichoso. Ela, com os cabelos negros armados sobre o rosto oval, a boca pequena e o porte robusto. Nunca se provou que eram de fato espiões, mas o aquecimento da Guerra Fria exigia, para aplacar o pavor ocidental, um bode expiatório.


A pena de morte pareceu-me apropriada naquele caso. Tratava-se de impedir que a exceção virasse regra, pondo em risco a segurança do Mundo Livre. Passei dias sob o impacto da foto do casal amarrado à cadeira elétrica, suas cabeças cobertas por capacetes repletos de fios, malditos astronautas a caminho do inferno. Foram executados a 19 de junho de 1953.

O velho buldogue Edgar Hoover, chefe do FBI, felizmente estava a postos na soleira da porta de nossas casas, defendendo-nos da ameaça comunista. Mas não me conformei, pouco depois, com a execução de Caryl Chessman, também nos EUA. Li suas cartas. Se não me convenci de sua inocência, não me restava dúvida de que se tratava de um homem recuperado para a sociedade. Por que matar um criminoso que o cárcere transformara num intelectual?

Nunca mais aceitei a pena de morte. O ser humano é um milagre de Deus e uma obra-prima da natureza. Culpada é a sociedade que faz dele um monstro e, ao puni-lo, é incapaz de recuperá-lo para o convívio social. Por isso, fico assustado quando vejo lideranças políticas, inclusive de esquerda, clamarem por prisão perpétua ou pena de morte. Não é o peso da sentença que inibe a criminalidade. É a certeza da punição. A impunidade estimula a transgressão da lei. A pena, transformada em vingança, condena a sociedade que a aplica.

Frei Betto

domingo, 7 de março de 2010

..:: CINEMA NO VALE ::..

 


Ainda baqueado com a emocionante exibição do filme "O contador de histórias", venho a indagar sobre o que realmente temos acesso em nossos cinemas, será que me refiro aos inúmeros filmes que nada ou minimamente nos dizem alguma coisa e que apenas nos oferecem o tão requisitado entretenimento ou será que faço uma crítica aos nossos telespectadores da 7ª arte que assistem aos vídeos de forma superficial?! Acho que as duas proposições são pertinentes, mas vamos caminhar em nossas indagações... será que uma coisa não tem influência sobre a outra?! Ou melhor, o chamado cinema comercial, que deve constituir 99,9% das nossas salas, mantém ou não uma influência sobre a forma como as pessoas percebem as questões abordadas em um filme?! Super produções, ação, aventura, sexo, máfia, carros, magia, vampiros, um mix de terror e graça está disponível e pronto para ser consumido, homens e mulheres bonitos e famosos, os heróis que sempre desejamos e um ideal de mundo que nos é imposto mesmo nas grandes telas.

Feitos os meus comentários, faço agora uma indicação, relato a experiência de assistir um filme encantador, que propõe reflexão e que traz, mesmo nas mentes dos mais desavisados, o debate sobre nossos heróis, nossa perspectiva de mundo, nossas riquezas e virtudes, paixões, sentimentos e o que temos de melhor e pior. Estou me referindo ao que experimentei no CINEMA NO VALE, uma proposta de novas possibilidades de produções cinematográficas que não temos acesso. Parabenizo as pessoas envolvidas pela grande iniciativa e desejo que esse projeto seja um grande sucesso!

..:: Pra ManOela ::..



Essa pessoa chegou assim meio que sem propósitos e me encheu de possibilidades... foi possível passar em física e matemática, possível rir nos intervalos, falar de música, bandas e outras coisas que são de jogar fora, mas que fazem uma falta quando o fazemos, possível comprar uma pipoca e comer cinco pessoas sem reclamar, possível de sair da escola e continuar enchendo a paciência da pessoa pra não deixar de ser seu amigo. Mas acontece que sempre reclamei que ela, em seus limites e possibilidades, não me mostrava mais até onde seria possível crescer, mesmo assim, tentava a todo custo me fazer acreditar que aquilo era o seu melhor. Bom... eis que entre idas e vindas e algumas tentativas a pessoa consegue realmente me mostrar como em uma conta da matemática que tanto me ensinou que podia ser maior... e ela conseguiu, mas agora foi embora, calma, ela não morreu! Ela foi embora pra provar que é melhor, que sabe fazer o melhor, não pra satisfazer o meu ego, vai provar ao mundo que ela é assim GRANDE, mesmo não sendo proporcional ao seu tamanho físico... kkkkk...  Bons caminhos, minina feia!

sábado, 6 de março de 2010

..:: Algo para começar as coisas ::..



Nunca fui um blogueiro cativo, sempre avistava aqueles anúncios de amigos divulgando seus portais a serem apreciados pelo grande público ou, de menos pretensiosos, pelos que comungam dos mesmos caminhos e concepções, visto que parte destes ambientes virtuais se propõem a expor os caminhos e concepções dos seus respectivos donos. Pois bem, aqui estou eu, com a sensação de pertencimento a esse último grupo, condenado a escrever aqui o que acho conveniente e o que advém de meus direcionamentos políticos, culturais e informais. Nada mais justo, nesse contexto, que justificar o título do blog... Ora, pensei tanto (na tentativa de não trair meus caminhos e concepções) que acabei por colocar um nome assim... que não diz a que veio, que talvez esteja fadado ao insucesso, à falta de interesse, no entanto, analisemos:  em um diálogo, o que nos vem à boca quando não temos mais palavras para expressar determinados caminhos e concepções?! Bom... sejam bem vindos e sintam-se à vontade com as coisas aqui apresentadas... se quiser falar algo... as postas estão abertas!


Ahhh... se este blog cair em esquecimento, ainda assim há felicidade em mim... o que ponho aqui não passa de um registro, de um rabisco, daquilo que penso, tenho acesso e preciso alimentar, mesmo que de uma maneira tão particular. Escrita e leitura de um autor-expectador!