"Não basta dizer que se é consciente de algo; é-se, também, consciente de algo como sendo algo"



terça-feira, 23 de março de 2010

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Nos dois últimos dias fui tomado por algumas questões que me levaram a refletir. Refiro-me, de início, ao caso de um garoto de 12 anos que é acusado de assassinar sua madrasta, grávida de 8 meses. Em outra instância, relato a morte de uma mãe, que foi dilacerada pelo próprio filho em uma de suas crises psicóticas.


Afinal, que relação é possível entre uma situação e outra? A resposta é simples se levamos em consideração o discurso midiático de que ambos, em suas práticas criminosas, figuram agora como homicidas, pois atentaram contra a vida. Mas a discussão não pode ficar no superficial das manchetes de um jornal; as questões que aqui coloco retratam realidades que a princípio parecem dessemelhantes, no entanto trazem consigo o peso de um fardo que, por ora conseguimos carregar, mas que não obstante torna-se insuportável em nossas costas estreitas. O fardo do "ser", condição que se torna paulatinamente mais inconstante face aos dilemas enfrentados no decorrer do "existir", existência vivida por nós - sujeitos dessa história - mas que não está livre de intervenções e de instâncias outras.

O juízo de valor é desnecessário, não há pretensão a negar os crimes supostamente cometidos e nem condenar o que já está condenado. A reflexão é posta para que as coisas não sejam um fim em si mesmo, que os discursos não sejam pautados apenas em ações, mas em trajetórias de vida, para que aquelas, as que tendem a ser punidas, não sofram o dissabor de provar o gosto amargo do seu próprio ato. Morrer não significa estar debaixo de sete palmos, morrer é perder-se na vida e não se achar em lugar algum, em momento algum, em nenhuma circunstância que lhe valha o prazer de viver, prazer que já não se encontra nem mesmo naqueles que lhe trouxeram à vida.

2 comentários:

  1. Muito bom o post, só digo uma coisa Elisson: Welcome to the jungle!...

    Tudo que era sólido desmanchou-se no ar meu caro, até mesmo a família. Beijo

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