"Não basta dizer que se é consciente de algo; é-se, também, consciente de algo como sendo algo"



quarta-feira, 1 de junho de 2011

..:: A revolução é aqui, é no dia, é na gente ::..



Pouco a pouco, uma brasa aqui outra ali, um graveto aqui outro ali, fomos preparando nosso inferninho particular [...] Isso é que é, na verdade, a Revolução Brasileira. [...] ela ganha carne, densidade, penetra fundo na alma dos homens. O rio que vinha avolumando suas águas e aprofundando seu leito, até março de 1964, desapareceu de nossas vistas. Mas um rio não acaba assim. Ele continua seu curso, subterraneamente, e quem tem bom ouvido pode escutar-lhe o rumor debaixo da terra.

Do texto "Quarup ou ensaio de deseducação para brasileiro virar gente", de Ferreira Gullar.


Quando secar o rio de minha infância, secará toda dor.
Quando os regatos límpidos de meu ser secarem, 
minh'alma perderá sua força.
Buscarei, então, pastagens distantes - 
lá onde o ódio não tem teto para repousar.
Ali erguerei uma tenda junto aos bosques.
Todas as tardes me deitarei na relva 
e nos dias silenciosos farei minha oração.
Meu eterno canto de amor:
expressão pura de minha mais profunda angústia.

Nos dias primaveris, colherei flores
para meu jardim da saudade.
Assim, externarei a lembrança de um passado sombrio.

"Quando secar o rio de minha infância", de Frei Tito de Alencar.

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